01 julho 2010

Calorine
(A.M. Ferreira)

Eu ia preparar um texto mas onde deixei as palavras? Eu sempre perco as coisas: o rumo, o tom e a razão. Ah!! Achei uma vírgula, eu adoro vírgulas, não vivo sem elas. Eu separo o sujeito do predicado pois acho que o sujeito merece destaque. Todo sujeito merece. Eu gosto de Caroline. O “C” é como uma vírgula bem grande que abre a palavra e abraça as letras como quem quer proteger, como quem ama. Ah!!! Mas ela não é só um nome, é uma garota. E que garota!!! Ops!!! Achei um “Z”!!! Mas que letra complicada... faz que vai e depois volta e não serve para quase nada. Se não fosse a imensa importância da palavra amizade que utilidade teria o “Z”? Ooo!! La vai o “O” rolando!! ... aii.. Pronto!!! Debaixo da cama!!! Perdi. Vou arredar a cama para escrever Amor e se não achar?!!! Escrevo Amar que não é menos importante. Aii... tá tarde!!! Onde deixei o ponto final? Pronto e agora? Ta misturado com o ponto seguido. Como vou saber? Por isso gosto da vírgula. Realmente gosto de Caroline. Eu ia dizer que tem uma semântica bonita mas não sei o que isso quer dizer, ainda assim concordo que é bonita pois seria bonita mesmo que eu não concordasse e tenho que concordar pois perco a razão mas nunca o bom gosto. E eu gosto. Pronto, achei o ponto.

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