01 julho 2010

Calorine
(A.M. Ferreira)

Eu ia preparar um texto mas onde deixei as palavras? Eu sempre perco as coisas: o rumo, o tom e a razão. Ah!! Achei uma vírgula, eu adoro vírgulas, não vivo sem elas. Eu separo o sujeito do predicado pois acho que o sujeito merece destaque. Todo sujeito merece. Eu gosto de Caroline. O “C” é como uma vírgula bem grande que abre a palavra e abraça as letras como quem quer proteger, como quem ama. Ah!!! Mas ela não é só um nome, é uma garota. E que garota!!! Ops!!! Achei um “Z”!!! Mas que letra complicada... faz que vai e depois volta e não serve para quase nada. Se não fosse a imensa importância da palavra amizade que utilidade teria o “Z”? Ooo!! La vai o “O” rolando!! ... aii.. Pronto!!! Debaixo da cama!!! Perdi. Vou arredar a cama para escrever Amor e se não achar?!!! Escrevo Amar que não é menos importante. Aii... tá tarde!!! Onde deixei o ponto final? Pronto e agora? Ta misturado com o ponto seguido. Como vou saber? Por isso gosto da vírgula. Realmente gosto de Caroline. Eu ia dizer que tem uma semântica bonita mas não sei o que isso quer dizer, ainda assim concordo que é bonita pois seria bonita mesmo que eu não concordasse e tenho que concordar pois perco a razão mas nunca o bom gosto. E eu gosto. Pronto, achei o ponto.

11 fevereiro 2009



Certo Por Linhas Tortas

É como ficar esperando, cartas que nunca vão chegar. Não vão chegar com “x” nem vão chegar com “ch”. (Às Vezes Nunca - Engenheiros do Hawaii)

O Português é super valorizado, sempre acreditei que a coerência, ao escrever, tivesse importância bem maior que a forma como se escreve. Entendam que não aprovo a ignorância, mas acredito que se deve dar o devido valor às coisas.

Nesse onda de Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa que promete modificar em poucos anos uma cultura de décadas eu me pergunto: E daí? E o Kiko? O principal objetivo de um idioma é a comunicação e tendo isso em vista, normas de ortografia são apenas orientações ou sugestões e não leis inexoráveis. Funcionam para mostrar a direção, mas não obrigatoriamente devem dizer como você deve segui-la, o importante é se fazer entender.

É muito bonito português culto mas uma pessoa, por mais letrada que seja, que não sabe se comunicar é como um estudioso de latim. Culto e inútil.
Na juventude, lembro de preferir Vinicius de Morais a Camões, pois Vinícius sempre escreveu de uma forma mais clara. Quem é um comunicador melhor? É verdade que a cada geração, perdemos cultura ao escrever mas me pergunto até onde isso é um real problema? Meu sobrinho, hoje, é muito mais eficientes em comunicar-se que minha mãe e raramente eu o vejo escrever palavras inteiras. “vc”, “pq”, “blz” são grafias novas de velhas idéias e não faz diferença se são apoiadas pelo novo Acordo Ortográfico. Essas grafias fazem parte da comunicação nos dias de hoje e em parte são responsáveis pela velocidades com que a informação se propaga.

Embora a poesia e a literatura em geral sejam expressões artísticas, a Língua Portuguesa não é uma arte, é uma ferramenta e como ferramenta deve adequar-se às necessidades de cada usuário ou ao menos de cada grupo de usuários.

Imagine que você está em um avião e o piloto avisa pelo interfone que você deve pegar o pára-quedas, no armário, e pular pois o avião irá cair em alguns minutos. Você corre até o armário e encontra uma mochila com a etiqueta: PARAQUEDAS. Pronto, fodeu!!! Você vai morrer porque não achou o pára-quedas? Dãaaa!!! Eu não vou!! pode estar escrito PARAQEDAZ que eu pego e pulo com ele.

Por fim, isso não é uma critica ao português, às pessoas que escrevem corretamente e nem aos professores e estudiosos da língua portuguesa e sim a sua super valorização... no fim!! besteira!!

“Que não vai S na cebola e não vai S em feliz, que o X pode ter som de Z e o CH pode ter som de X, acredito que errado é aquele que fala correto e não vive o que diz” (Zaluzejp - Teatro Mágico)

12 setembro 2007

NE ME QUITTE PAS
Ne me quitte pas il faut tout oublier
Tout peut s`outblier que s`enfuit déjà
Oublier le temps de malentendus
Et le temps perdu à savoir comment
Oublier ces heures que tuaient parfois
Á coups de pourquois le coeur du bonheur
Ne me quitte pas moi, je t`offrirai
Des perles de pluie venues du pays
Où il ne pleut pas je croiserai la terre
Jusque près ma mort pour couvrir ton corps
D`or et de lumière je ferai un domaine
Où l`amour sera roi où l`amour sera loi
Et tu sera reine ne me quitte pas
Je t`inventerai des mots insencés
Que tu comprendras je te parlerai
De ces amants là que ont vu des fois
Leurs coeurs s`embraser je te raconterai
L`histoire de ce roi mort de n`avoir pas
Pu te rencontrer ne me quitte pas
On a vu souvent rejaillir le feu
De l`ancien volcan qu`on croyait trop vieux
Il est, paraît`il des terres brulées
Donnant plus de blé qu`un meilleur avril
Et comme bien des soirs pour qu`un ciel flamboie
Le rouge et le noir ne s`épousent t`il pas?
Ne me quittes pas je ne veut plus pleurer
Je ne veut plus parler je me cacherai là
À te regarder danser et sourire
Et à te écouter chanter er puis rire
Laisse moi devenir l`ombre de ton ombre
L`ombre de ta main l`ombre de ton chein
Ne me quitte pas

NÃO ME DEIXES
Não me deixes é preciso esquecer tudo
Tudo pode ser esquecido o que nos escapa
Esquecero tempo dos mal-entendidose o tempo perdido
Procurandosaber como esquecer estas horas que às vezes matam
Com golpes de " porquês" o coração da felicidade
Não me deixes eu te oferecerei pérolas
De chuva vindas de um país onde não chovea
Atravessarei a terra até perto de minha morte
Para cobrir teu corpo de ouro e luz
Eu farei um lugar onde o amor será rei
Onde o amor será lei e tu serás rainha
Não me deixes eu te inventarei
Palavras insensatas que tu compreenderás
Vou te falar desses amantes
Que às vezes viram seus corações se incendiar
Vou te contar a história desse rei
Morto por não terpodido
Te encontrar não me deixes
Tantas vezes vimos renascer o fogo
Do antigo vulcão
Que acreditava-se velho demais
Parece que tinha terras queimadas
Dando mais trigoque a melhor colheita
Pois, em quantas tardes para que o céu fique flamejante
O vermelho e o negro
Não se casam?
Não me deixes eu não quero mais chorar
Não quero mais falar vou me esconder ali
Só te olhando
Dançar e sorrire te escutando
Cantar, e depois rir deixe que eu me transforme
Na sombra da tua sombra
Na sombra da tua mão
Ou na sombra do teu cão não me deixes

11 setembro 2007



Primeiros Erros
(Capital Inicial - Kiko Zambianchi)

Meu caminho é cada manhã
Não procure saber onde estou
Meu destino não é de ninguém
E eu não deixo os meus passos no chão
Se você não entende não vê
Se não me vê não me entende
Não procure saber onde estou
Se o meu jeito te surpreende
Se o meu corpo virasse sol
Se a minha mente virasse sol
Mas só chove, chove
Chove, chove
Se um dia eu pudesse ver
Meu passado inteiro
E fizesse parar de chover
Nos primeiros erros
Meu corpo viraria sol
Minha mente viraria sol
Mas só chove, chove
Chove, chove (2x)
Meu corpo viraria sol
Minha mente viraria
Mas só chove, chove
Chove, chove
Meu corpo viraria sol
Minha mente viraria sol
Mas só chove, chove
Chove, chove

20 março 2007

Parla Piu Piano (the Love Theme From The Godfather)
Nino Rota – Versão Mercuryo/Sanmea – 2007

Fale baixinho e ninguém escutará
O nosso amor vivemos eu e você
Não saberãoA verdade
Nem todo céu compreende o tanto que sofri

Junto a você
Eu ficarei
Meu amor
Sempre assim

Fale baixinho e vem mais próximo a mim
Quero sentir meus olhos dentro de ti
Não saberãoA Verdade
Um grande amor nunca maior vai existir


Parla Piu Piano (the Love Theme From The Godfather)
Nino Rota

Parla più piano e nessuno sentiràil
nostro amore lo viviamo io e te
nessuno sa
la verità
neppure il cielo che ci guarda da lassù

Insieme a te io resterò
amore mio
sempre così

Parla più piano e vieni più vicino a me
voglio sentire gli occhi miei dentro di te
nessuno sa
la verità

E' un grande amore
e mai più grande
esisterà

20 novembro 2006



A CAÇADA
(A.M. Ferreira)

Ontem, ao voltar para casa no lotação 614, não pude deixar de ouvir uma conversa entre mãe e filho que, apesar de corriqueira, me chamou a atenção:- Mãe, por que a senhora não foi ontem na igreja? indaga o menino.- Na igreja? estranha a mãe.Eu nunca poderia ir na igreja, meu filho, e sim à igreja. explica a mãe com um ar de deboche.- Ora, mamãe, a senhora entendeu, não entendeu?Então não complique.- Meu filho se diz "à igreja" e ponto final. define a mãe.É, eu sei, isso acontece todos os dias, e não há nada de mais. Mas não posso negar que o diálogo entre os dois me fez pensar na prioridade de um idioma de comunicar um fato ou ideia.Imaginem o nosso mundo à centenas de anos atrás, um homem primitivo tentando, por meios de gestos, explicar para a sua esposa que iria caçar, sabendo que demoraria dias fora de casa. Existia sempre um receio de uma falta de compreensão, o que resultaria em um grande problema quando o primata chegasse em casa uma semana depois.Olhando por esse lado não é difícil deduzir porque o homem inventou a língua, sons, desenhos e sinais que expressão ideias até chegar-mos nas palavras e frases que deixam a comunicação mais simples... simples?.. será?Vamos imaginar que o mesmo primata tivesse que explicar para a sua esposa que iria caçar, só que usando palavras assim como nós. Ao dizer:- Querida, vou à caça.Teria que ter cuidado para não dizer "vou na caça" ou ela pensaria que ele iria caçar montado em algum animal.A situação pioraria se ele tivesse que deixar um bilhete. Teria que escrever "Querida, vou à caça" sem esquecer o sinal de crase, pois temos uma super posição do "a" preposição exigida pelo verbo ir e o "a" artigo definido feminino que acompanha o substantivo caça; sem falarmos é claro no grave erro que ele jamais poderia cometer de escrever caça com "s" ao invés de "ç", ou alem fracassar ao se comunicar com sua esposa, ele ainda teria que explicar a ela em que casa esteve durante uma semana.Depois disso tudo se o primata soubesse que para explicar simplesmente que iria caçar daria tanto problema, ao invés de sair ele certamente ficaria em casa.

10 novembro 2006

A ARCA de NOÉ
(Vinicius de Morais)

Sete em cores, de repente
O arco-íris se desata
Na água límpida e contente
Do ribeirinho da mata
O sol, ao véu transparente
Da chuva de ouro e de prata



Resplandece resplendente
No céu, no chão, na cascata
E abre-se a porta da arca
Lentamente surgem francas
A alegria e as barbas brancas
Do prudente patriarca
Vendo ao longe aquela serra
E as planícies tão verdinhas
Diz Noé: que boa terra
Pra plantar as minhas vinhas
Ora vai, na porta aberta
De repente, vacilante
Surge lenta, longa e incerta
Uma tromba de elefante
E de dentro de um buraco
De uma janela aparece
Uma cara de macaco
Que espia e desaparece
"Os bosques são todos meus!"
Ruge soberbo o leão"
Também sou filho de Deus!"
Um protesta, e o tigre - "Não"
A arca desconjuntada
Parece que vai ruir
Entre os pulos da bicharada
Toda querendo sair
Afinal com muito custo
Indo em fila, aos casais
Uns com raiva, outros com susto
Vão saindo os animais

Os maiores vêm à frente
Trazendo a cabeça erguida
E os fracos, humildemente
Vêm atrás, como na vida

Longe o arco-íris se esvai
E desde que houve essa história
Quando o véu da noite cai
Erguem-se os astros em glória
Enchem o céu de seus caprichos
Em meio à noite calada
Ouve-se a fala dos bichos
Na terra repovoada